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A disparada do dólar frente ao real sacudiu o mercado da soja nesta quinta-feira (10) não só no Brasil, mas também na Bolsa de Chicago, onde os futuros da oleaginosa intensificaram as perdas e vão concluindo a sessão recuando quase 30 pontos entre os principais vencimentos. Perto de 16h30, a moeda americana disparava mais de 4%, testando os R$ 5,40 diante das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as contas do país.

"Vamos mudar alguns conceitos nesse país. Muitas coisas que são consideradas como gasto nesse país nós temos que passar a considerar como investimento", disse Lula. "Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, é preciso fazer teto de gastos?", questionou. O mercado respondeu e enquanto ele falava não só o dólar subia forte, como o Ibovespa recuava de forma expressiva, também com mais de 3% de baixa.

Não satisfeito, Lula insistiu e afirmou ser o político mais responsável do Brasil. "Eu tenho dito durante a campanha, ninguém pode falar de responsabilidade fiscal comigo. Poder falar pode, mas ninguém pode dizer que nesse país tem alguém mais responsável do que eu", afirmou durante seu discurso na sede do governo de transição em Brasília.

E o movimento do dólar internamente caminhava na contramão do registrado no exterior, com destaque para o dólar index que, na tarde desta quinta-feira caia 1,85%, voltando aos 108.435 pontos. "Lá fora o dólar cai forte depois da divulgação dos daods de inflação nos EUA. O CPI caiu mais que o esperado", explicou a equipe da Agrinvest Commodities.

Assim, a alta da moeda americana em detrimento da brasileira ajudou a pesar no movimento de baixa dos futuros da soja na CBOT. "A forte alta do câmbio no Brasil vai incentivar as vendas de soja e milho, derrubando os futuros na CBOT. Corretores têm comentado que os produtores estão aproveitando para vender, principalmente, soja para a safra nova", complementa a Agrinvest.

As notícias de que a administração da parte econômica no Brasil pelo novo governo, a partir de 2023, pode não tomar o melhor caminhou chegou à CBOT e foi dando espaço às baixas, também como analisa o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. "Quando o dólar dispara por aqui é fator negativo em Chicago. Isso pressiona Chicago porque deixa a soja brasileira mais competitiva. O comprador hoje paga mais em reais e muito menos em dólar".

Ainda assim, destacou que no mercado brasileiro, apesar das perdas em Chicago, os preços subiram no interior e portos do país, em reais.

Contabilizando esta questão e olhando mais a fundo para os números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) - que ontem disputou espaço no front dos traders com os dados atualizados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) - e mais o clima na América do Sul, o mercado tomou o caminho de uma forte realização de lucros. "Estão trocando posições e vendo até vai o fundo do poço, explica. A Conab revisou para cima sua estimativa para a produção brasileira ontem, trazendo o número para 153,54 milhões de toneladas, contra 152,35 milhões do boletim de outubro.

O consultor acredita que os preços da soja poderiam testar níveis abaixo dos US$ 14,00 por bushel, caso nenhuma adversidade climática comprometa a nova safra na América do Sul, em especial no Brasil. "Isso porque o ambiente externo não é um ambiente forte de demanda, a China não está comprando forte. Esta semana atuou duas vezes nos EUA, levou bom volume, mas não grandes volumes", diz. "E se a China não está comprando é porque acredita que vai cair mais".

Brandalizze explica também que esse movimento de baixas intensas em Chicago motivadas pelo dólar em disparada não é bom para o produtor brasileiro, porque todo o custo é em dólar. "Então, o ideal seria subir em dólar e não disparar só o dólar, porque ele fatura mais em reais, os custos de insumos sobem e as relações de troca pioram", afirma.

Dessa forma, o consultor reafirmou a importância das ferramentas de proteção e garantia das margens para evitar uma exposição ainda maior aos riscos. "Vamos para uma super safra e quando o mercado tiver certeza dessa super safra, poderemos ter mercados mais fracos para frente, e na hora da colheita pode pressionar ainda mais. Temos que alertar: temos menos de 20% da safra nova negociada, ou seja, teremos mais de 100 milhões de toneladas para vender já no início do ano. E os chineses, que não são bobos, vão esperar dizermos que queremos vender soja. O produtor tem que se preparar, não deixar para vender na boca das dívidas".



FONTE: www.noticiasagricolas.com.br